terça-feira, 16 de junho de 2009



Oração Inversa

Normalmente nós pedimos pelos que sofrem, pelos que choram, pelos que passam fome, oramos pelos doentes e rogamos pelos infelizes.

Hoje vamos inverter a ordem e vamos dizer: Senhor, não te suplicamos: pelos desesperados,

nós te pedimos por aqueles que promovem o desespero.

Não te rogamos pelos que choram, mas pelos infelizes que são responsáveis pelas lágrimas.

Não te rogamos ajuda aos que passam fome, mas pelos abastados que são fomentadores da miséria sócio-econômica.

Não pedimos em favor dos enfermos, mas nós intercedemos pelos que jogam fora a saúde e os que são impiedosos para com os doentes.

Não estamos aqui pedindo pelos perseguidos, pelos caluniados, mas estamos interferindo pelos perseguidores, pelos caluniadores, pelos impiedosos. Eles sim, são verdadeiramente os infelizes por que perderam o endereço de Deus e o contato com a consciência.

Apieda-te Senhor, dos fomentadores da discórdia e consola os que estão chorando no teu regaço, procurando a Tua paz,e em Teu próprio nome de Amor, abençoa esta casa e os que aqui habitam, os que aqui buscam auxilio, os que pretendem ir adiante,os que se entregam em regime de silêncio e abnegação, para que nas suas vozes caladas, possamos todos nós ouvir a Tua voz, ao invés dos que fazem tumulto para apagar a mensagem da Tua palavra.Senhor fica conosco e dá-nos a Tua paz.

(Desconheço o Autor)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sonhar Não Custa nada... Ou Custa?

Sonhar não é tão simples quanto parece...
Ao contrário, pode ser uma atividade perigosa...
Quando queremos algo, colocamos em marcha energias poderosas e não conseguimos mais esconder de nós mesmos o verdadeiro sentido da vida.
Quando queremos algo, fazemos a escolha de um preço a pagar.
Seguir um sonho tem um preço.
Pode exigir que a gente abra mão de velhos hábitos, pode nos fazer passar dificuldades, desânimos, decepções.
Porém, por mais alto que seja esse preço, nunca será tão grande quanto aquele pago por quem nunca se arriscou...
Porque esses, um dia, vão olhar para trás, ver tudo o que não fizeram e escutar o próprio coração dizer: desperdicei a minha vida?
Essa é uma das piores constatações que alguém pode fazer.
E aí, será tarde demais.


"Se as coisas são inatingíveis
Ora, não é motivo para não querê-las.
Que tristes os caminhos se não fora a presença distante das estrelas."

(Mário Quintana)





















segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eu tenho tanto Prá lhe falar Mas com palavras Não sei dizer Como é grande O meu amor Por você... E não há nada Prá comparar Para poder Lhe explicar Como é grande O meu amor Por você... Nem mesmo o céu Nem as estrelas Nem mesmo o mar E o infinito Não é maior Que o meu amor Nem mais bonito... Me desespero A procurar Alguma forma De lhe falar Como é grande O meu amor Por você... Nunca se esqueça Nem um segundo Que eu tenho o amor Maior do mundo Como é grande O meu amor Por você... (Roberto Carlos)







Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
E na hora do meu desespero
Gritar por você
Te pedir que me abrace
E me leve de volta pra casa
E me conte uma história bonita
E me faça dormir
Só queria ouvir sua voz
Me dizendo sorrindo
Aproveite o seu tempo
Você ainda é um menino
Apesar de distância e do tempo
Eu não posso esconder
Tudo isso eu às vezes preciso escutar de você

Quantas vezes me sinto perdido
No meio da noite
Com problemas e angústias
Que só gente grande é que tem
Me afagando os cabelos
Você certamente diria
Amanhã de manhã você vai se sair muito bem
Quando eu era criança
Podia chorar nos seus braços
E ouvir tanta coisa bonita
Na minha aflição
Nos momentos alegres
Sentado ao seu lado, eu sorria
E, nas horas difíceis
Podia apertar sua mão
...
(me leve pra casa
me conta uma história
me faça dormir)
(Roberto Carlos)



Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...

Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...

Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...

Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...

Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...

Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!...

Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!...

(Fábio Júnior)

domingo, 7 de junho de 2009

Saber Viver



Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar

Cora Coralina




BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Machado de Assis

sábado, 6 de junho de 2009


A idade de ser Feliz


Existe somente uma idade para a gente ser feliz.

Somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los, a despeito de todas as dificuldade e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo novo, de novo e de novo, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE, também conhecida como AGORA ou JÁ e tem a duração do instante que passa...

Mário quintana







O Pardal e a águia


O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava Andala, um pardal que não se cansava de observar Yan, a grande águia.

Seu vôo preciso, perfeito, enchia seus olhos de admiração.

Sentia vontade em voar como a águia, mas não sabia como o fazer.

Sentia vontade em ser forte como a águia, mas não conseguia assim ser.

Todavia, não cansava de segui-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza...

Um dia estava a voar por entre a mata a observar o vôo de Yan, e de repente a águia sumiu da sua visão.

Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido.

Foi quando levou um enorme susto: deparou de uma forma muito repentina com a grande águia a sua frente.

Tentou conter o seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de frente com o belo pássaro.

Caiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode ver aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o.

Sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta.

A águia em sua quietude apenas o olhava calma e mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe:

Por que estás a me vigiar, Andala?

Quero ser uma águia como tu, Yan.

Mas, meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites.

E como te sentes amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo aquilo que está além do que podes alcançar com tuas pequenas asas?

Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este sonho... - O pardal suspirou olhando para o chão... E disse:
Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar.

És tão única, tão bela.

Passo o dia a observar-te. E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? Indagou Yan.

Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas... Mas as tuas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, tu cortas harmoniosamente...

Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer que nunca poderás voar como uma águia.

Sê firme em teu propósito e deixa que a águia que vive em ti possa dar rumos diferentes aos teus instintos.

Se abrires apenas uma fresta para que esta águia que está em ti possa te guiar, esta dar-te-á a possibilidade de vires a voar tão alto como eu.

Acredita! - E assim, a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno pássaro que a ouvia atentamente:

Andala, apenas mais uma coisa: Não poderás voar como uma águia, se não treinares incansavelmente por todos os dias.

O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos.

Se não pões em prática a tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho.

Esta realidade é apenas para aqueles que não temem quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente conhecido.

É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu
coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a nenhuma delas, serás livre!

Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se esta for sua vontade.

Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e aprende o equilíbrio com eles.

Tudo é possível para aqueles que compreenderam que são seres livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na tua capacidade em aprender e ser feliz com tua escolha!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"As pessoas mais felizes não
têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das
oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para
aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam
e tentam sempre."

- Clarice Lispector-
PAZ PELA PAZ
(Nando Cordel)

A paz do mundo
Começa em mim
Se eu tenho amor,
Com certeza sou feliz
Se eu faço o bem ao meu irmão,
Tenho a grandeza dentro do meu coração
Chegou a hora da gente construir a paz
Ninguém suporta mais o desamor

Paz pela paz - pela criança
Paz pela paz - pela floresta
Paz pela paz - pela coragem de mudar.
Paz pela paz - pela justiça
Paz pela paz - a liberdade
Paz pela paz - pela beleza de te amar.
Paz pela paz - pro mundo novo
Paz pela paz - a esperança
Paz pela paz - pela coragem de mudar.
Paz pela paz - pela justiça
Paz pela paz - a liberdade
Paz pela paz - pela beleza de te amar.


"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome."
Mahatma Gandhi

quinta-feira, 4 de junho de 2009


Carolina é uma menina bem difícil de esquecer
Andar bonito e um brilho no olhar
Tem um jeito adolescente que me faz enlouquecer
E um molejo que não vou te enganar
Maravilha feminina, meu docinho de pavê
Inteligente, ela é muito sensual
Te confesso que estou apaixonado por você

Ô Carolina isso é muito natural
Ô Carolina eu preciso de você
Ô Carolina eu não vou suportar não te ver
Carolina eu preciso te falar
Ô Carolina eu vou amar você

De segunda a segunda eu fico louco pra te ver
Quanto eu te ligo você quase nunca está
Isso era outra coisa que eu queria te dizer
não temos tempo então melhor deixar pra lá
a princípio no Domingo o que você quer fazer
faça um pedido que eu irei realizar
olha aí amigo eu digo que ela só me dá prazer
Essa mina Carolina é de abalar

1 Corintios 13

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e näo tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e näo tivesse amor, nada seria.

3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e näo tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

4 O amor é sofredor, é benigno; o amor näo é invejoso; o amor näo trata com leviandade, näo se ensoberbece.

5 Näo se porta com indecência, näo busca os seus interesses, näo se irrita, näo suspeita mal;

6 Näo folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, seräo aniquiladas; havendo línguas, cessaräo; havendo ciência, desaparecerá;

9 Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

10 Mas, quando vier o que é perfeito, entäo o que o é em parte será aniquilado.

11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas entäo veremos face a face; agora conheço em parte, mas entäo conhecerei como também sou conhecido.

13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pedaços de mim

POEMA ENJOADINHO

Vinícius de Morais

Filhos...Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como o
queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa

Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto

Bebe amoníaco
Comeu botão.

Filho? Filhos
Melhor não tê-los

Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos

Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que
gosto doce
Na sua boca!

Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

(Antologia Poética)









Filhos são frutos, recompensas, presentes divinos. Poderia dizer, sem nenhum exagero, que são a melhor parte da vida. Nada vale mais que seus sorrisos, suas conquistas.

E as noites em claro? Foi o tempo melhor empregado. Tem coisa melhor do que acalentar, acarinhar, ou apenas ficar olhando o filho dormir?

Em breve crescem, constroem suas vidas. E fica apenas a saudade do tempo daquele presentinho feito na escola, do bilhetinho dizendo: Eu te amo, mamãe! E do jeito doce e sincero, de lhe abraçar com força. Apesar de os querermos pra sempre crianças, nada é mais gratificante que vê-los crescendo e se tornando responsáveis. E se, de vez em quando, (mesmo depois de crescidos) se chegarem procurando colo, é o êxtase. Ah! ser mãe não tem preço..

O Pequeno Príncipe


E foi então que apareceu a raposa:

- Boa dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa, disse a raposa.

- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.

- Ah! desculpa, disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?

- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?

- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?

- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?

- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."

- Criar laços?

- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...

- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:

- Num outro planeta?

- Sim.

- Há caçadores nesse planeta?

- Não.

- Que bom! E galinhas?

- Também não.

- Nada é perfeito, suspirou a raposa.

Mas a raposa voltou à sua idéia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me! disse ela.

- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.

- Que é um rito? perguntou o principezinho.

- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.

- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

- Quis, disse a raposa.

- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.

- Vou, disse a raposa.

- Então, não sais lucrando nada!

- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:

- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.

- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...

- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

(Antoine de Saint-Exupéry)




terça-feira, 2 de junho de 2009

Diva


Nunca fui fã de artistas. Não acreditava nesses amores (sem nexo) por pessoas famosas... E eis que no alto dos meus quarenta e poucos anos (como???) surge essa menina e invade a minha vida, e me tira a razão. E o que antes eu considerava sem sentido cria vida. E me torna uma fã. Fanática. Anática. Mas, quem entende isso? Só quem é anático sabe (e entende) desse amor.

É assim que te quero, amor, assim, amor, é que eu gosto de ti, tal como te vestes e como arranjas os cabelos e como a tua boca sorri, ágil como a água da fonte sobre as pedras puras, é assim que te quero, amada, Ao pão não peço que me ensine, mas antes que não me falte em cada dia que passa. Da luz nada sei, nem donde vem nem para onde vai, apenas quero que a luz alumie, e também não peço à noite explicações, espero-a e envolve-me, e assim tu pão e luz e sombra és. Chegastes à minha vida com o que trazias, feita de luz e pão e sombra, eu te esperava, e é assim que preciso de ti, assim que te amo, e os que amanhã quiserem ouvir o que não lhes direi, que o leiam aqui e retrocedam hoje porque é cedo para tais argumentos. Amanhã dar-lhes-emos apenas uma folha da árvore do nosso amor, uma folha que há-de cair sobre a terra como se a tivessem produzido os nosso lábios, como um beijo caído das nossas alturas invencíveis para mostrar o fogo e a ternura de um amor verdadeiro. (Neruda)