quinta-feira, 20 de maio de 2010

Eu

Aos poucos vou me acostumando com meus novos limites, minha condição de "fibromiálgica". Fácil? De maneira alguma... Isso me custa muito em todos os sentidos. Coisas simples que fazia antes agora não consigo nem pensar em fazer. Tarefas simples do meu dia a dia estão sendo adaptadas para que eu possa ter uma vida próxima ao que se chama de normal.

Sinto-me só e isso me deprime muito. Não bastasse as dores constantes preciso me conformar com a descrença e incompreensão de familiares, amigos e até mesmo de médicos que não aceitam e nem me tratam com respeito, alegando que tudo isso é invenção de minha cabeça. Estarei eu ficando louca?

Minha rotina agora é procurar médico; e tudo quanto é de especialista eu estou consultando: já passei por ortopedista, reumatologista, cardiologista, clínico geral, psiquiatra... Exagero? Não sei! Mas sei que preciso entender o que desencadeou e onde tudo isso vai chegar.

Não é fácil...

Escrever um simples texto virou um tormento: as idéias parecem fugir, as palavras não se encaixam... as letras teimam em mudar de lugar durante a escrita da palavra. Ainda bem que existe o "Backspace" e o "delete". Mas já me falaram que isso é comum, que não é privilégio meu: a maioria dos fibromiálgicos tem problemas cognitivos.

Estou afastada do meu emprego desde, praticamente, que descobri a fibro em minha vida. Não recebo salário desde dezembro... O INSS não reconhece a doença, não consegui o auxílio. Os peritos nos tratam com ironia, até! O último que me atendeu, depois de todas as queixas e de me examinar, teve a ousadia de perguntar "porque que eu não queria trabalhar". Por que não quero trabalhar? Eu quero! Adoro trabalhar, me sentir útil. Mas como um ser humano consegue trabalhar enquanto uma dor lhe dilacera por dentro?

Estou esperando mais uma perícia, pedi reconsideração da última que me negaram o auxílio. Evito até de ir no meu local de trabalho (o que pra mim é quase impossível) pois me irrita muito as piadinhas de colegas de trabalho perguntando como estam as "férias". Ai como odeio isso! Férias???!!! Como assim, bem? Não saio de casa a não ser por motivos de força maior (médicos e hospitais). Estar doente não é estar de férias. Tudo o que eu queria era ser tratata com o respeito que mereço.

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